terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

[CONTO/FICÇÃO] 1979: AS SENHAS DA GERAÇÃO Z - CAPÍTULO IV


CAPÍTULO 4

QUANDO



Sob o assoalho criticado por Jeon Codi, Moses esteve por um triz de torcer o tornozelo após levantar-se da cama, às oito da manhã, confrontando um sábado ensolarado com seu rosto sonolento e vista arregalada. O Centro Youkoloko abriria no segundo em que Aizaiah passasse sua chave no portão; Droga... Um belo e coerente fim de semana para sair da rotina e explorar os bairros mais vulgares de Meladori, a começar por Justine mesmo! Quando essa bela ideia pousou na cabeça de Aizaiah, quase virou fumaça:
- Se você não me contar como essa decisão nasceu, fica difícil eu deixar de achá-la uma atitude babaca.

Codi veio uma hora antes do previsto, – graças ao jantar anterior e a despedida da “Vovó”, de volta a sua cidadezinha – mas aparentemente havia obliterado todas as lembranças da noite passada, porque só cumprimentou Moses e se moveu para executar suas tarefas; seu chefe é que sucumbiu a vontade de desabafar muito fácil, reforçando os laços históricos com a Muralha da China. Entretanto, Moses não contou sobre o beijo automático da tal menina... Só sobre a “ficada”.
- Cara, eu... Sonhei que estava na hora de me aventurar mais, procurar métodos de me divertir fora do meu cotidiano, entendeu? É como...

- Isso não cola comigo não, CARA (Aizaiah carregou a voz - Moses dizendo “cara” de graça não tinha razão)... Algo muito marcante mexeu com você ou na festa da Praça ou no jantar... Não sei por que não quer me dizer, mas tudo bem; não pretendo opinar nada, faça o que quiser.

O clima entre as espécies humanas dentro da YL congelou; A questão é que Moses já estava “vacinado” com este tipo de situação adversa, pois o encontro sabático excepcional que tivera com Ruby instalou-se bem em seus pensamentos. Bastava aliviar a conversa e retomar a atenção do seu confidente predileto:
- É tudo pelo papo que tivemos com a sua avó mesmo, Aizaiah... Eu vi algo extremamente especial nela, em suas frases... Não peguei direito o lance do piche e do grafite, mas só por enquanto... Irei desvendá-lo.

“Ele não pegou direito o lance”? Mesmo a influência de Jeon reinando nessa expressão, o jovem Codi não mudou a sua premissa: A garota que ficou com Moses o deixou fissurado.
- Olha, Moses: Se desejar sair para caçar a gata que ficou com você, tudo certo... Eu tomo conta das coisas o tempo necessário. É normal esperar que você não ousaria perguntar o telefone dela... – replicou Aizaiah, coçando com gosto a ferida de Debiega.

- Haha! Apesar de tudo, você puxou a veia humorística da sua avó, cara? Hahahaha! É claro que eu peguei o número dela, mas... Você sabe, ela deu e eu tentei guardar na memória; logo, depois de dormir, eu esqueci. – Moses morreu de vontade de esfregar a mão na testa; o seu orgulho o bloqueou.

- Está... Bom. Moses, vou ligar para o meu instrutor de adestramento canino. Um momento.

Moses pediu a Aizaiah, com dois gestos de dedo o pano, para ele terminar de limpar o balcão, no tempo em que seu funcionário levaria tricotando com seu professor. A cisma em saber o que era lecionado num curso de “domador de cães” foi apagada quando o primeiro cliente-freguês do dia apareceu: Giz Daysies.
Os Daysies são um mistério desinteressante para a maioria dos moradores de Justine. Uma família ridiculamente prepotente – por possuir um dos poucos imóveis com garagem dali; fãs de persianas marrons nas janelas e decorações florais esquizofrênicas (o pequeno jardim deles fazia as plantas errarem a fotossíntese, dado a quantidade desajeitada de brilhos e cores distintas... Pois Giz era um consumidor voraz de sementes). Moses, tendo anos de prática com tal comprador, mostrou sua eficiência ao agarrar pacotes de orquídeas e copos-de-leite antes que o homem lhe desse “Bom dia”.
- Olá, Giz. Está na mão o seu “arsenal” de jardinagem. Hehehe...

Ele jamais tentara ser simpático com nenhum Daysies... Será que a distância entre eles e o resto era puro - e maldito – preconceito nascido de conflitos pessoais?

- Que riso frouxo, Debiega... Viu passarinho verde ou ele que te encarou e entendeu a piada?

Pois é... Não.

- Hehehe, hoje eu acordei bem positiv... – Era inútil aproximar-se de Giz; Moses resolveu parar de sorrir, embalar as embalagens de sementes e informar o valor pago pelo idiota “Margarido”. Porém recebeu um aviso:

- Espera aí... Aproveita o troco e pegue para mim um saco pequeno de fertilizante...

- Tudo bem.

O Youko subiu a escada de madeira (para as prateleiras) com toda a cautela do mundo e não adiantou nada... Porque uma voz derrotou toda a monotonia do Pet Shop quando alcançou o saco de húmus:

- E AÍ, MOSES! LEMBRA DE MIM?

Moses teve que pendurar para manter-se na vertical após Dylan ter entrado no estabelecimento; com um malão de alça, um celular novíssimo na mão esquerda e bandana amarela.


- É o Dylan... Não é? – acusou descrente o veterinário, depois de se equilibrar em solo firme. – Como vai, rapaz? Ficou muito tempo no Evento ontem?

Posto que o Office-boy encontrava-se entretido na “cena do crime” de sexta à noite, podendo comentar alto sobre o comportamento de Moses, Debiega não perderia muito se demonstrasse um senso hospitaleiro com o colega. Afinal de contas, ele caiu na YL de repente e iria ajudar - caso bem “manuseado” – a reparar qualquer desgaste entre o promoter social Win e Moses.
O teatro das marionetes teria poucos números:
- Mais ou menos... Mas... Eu posso te dar uma informação... Em caráter particular?

- HÃ?! Sim, sim! Eu acho...

Caráter particular? Essa irrompeu tão forte no térreo da Loja que até Daysies enroscou as sobrancelhas e as narinas de assombro. Aizaiah, – acabada a ligação – de prontidão, catou o fertilizante e emprestou sua atenção a Giz. Finalmente, ele agiu como um empregado padrão: Não enfiar o nariz nos fedores alheios; Mas agora Codi estava lutando para manter seu olfato selado... Moses repensou a resposta e questionou:
- É necessário o caráter particular? Hahaha! Aizaiah, este é Dylan... É... O Conheci na Praça ontem; Dylan, este é meu amigo e braço-direito no Centro, Aizaiah Codi.
Os meninos apertaram as mãos com a maior cordialidade que cabia num sorriso; Dylan tossiu e estalou os dedos para o Youko.
- Tudo bem... Mas aiiinda deve ser em caráter particular... – murmurou o visitante.

Graças à melhora de mentalidade no dia anterior, Moses entendeu o processo de dissimulação ali no balcão: Giz Daysies continuava parado com pacotes nos pulsos, que nem um predador de galináceos deitado num ninho de gaviões. O coitado queria enturmar-se e virar um quarto elemento!
- Tenha um bom dia, Giz... A gente se vê! – Moses colocou o coração nesse falso tom de despedida; até o mais lunático – e humano - dos seres notaria que sua retirada estratégica era inevitável.

- Sim... Sim... Vou indo. – Daysies saía triste pela restrição de tal fofoca; mas não menos arrogante com os três jovens que ali ficavam. Nem um olhar de “tchau” foi dado.

O debate entre as três etnias (Aizaiah é pardo; Moses esbranquiçado e Dylan negro) poderia iniciar... Se o teor do caráter privado fosse realmente sério:
- Após você descer a Praça que nem um ladrão, nós decidimos ir até a Sabrina para saber o que havia rolado de fato... Ela não demorou em contar para a gente: Uma mina aleatória quis ficar com você, de um minuto para o outro. Não é?

- Caramba! Foi isso mesmo, Moses?

Ver Aizaiah abobado, por algum fato não acontecido a ele próprio, tinha a mesma constância do Cometa Halley. Logo, Moses ganhou mais um motivo para se orgulhar de beijar aquela menina precoce (melhor definindo: orgulho de ela tê-lo beijado).
- Exatamente. A garota veio, disse-me alguma coisa e me atacou do nada... Foi... Inesquecível. – Atente que o chefe colocou o adjetivo ideal (“Inesquecível”), a fim de exibir que adorou o beijo, mas – fingindo – não se apaixonou pela menina.

- Entendo... Então rolou tudo bem louco mesmo... Depois disso, fomos procurar de vista a garota, baseados nas características ditas pela Sabrina. Achamos um grupo de três amigas, e uma delas... Batia com a descrição dada.

- Ué, é bastante possível que vocês a achassem sem querer procurar, cara. Ela estava numa festinha atrás de paqueras e tudo o mais... Vocês, solteiros, viriam a vislumbrá-la e tentar o bote, certo? Hahaha! Não precisavam se preocupar... Daqui para frente, podemos esquecer esse Evento e pensar nas conquistas do ano que vem...

- Mas, Moses: Eu conheço uma mina de cabelos tingidos de rosa, olhos de onça, covinhas na bochecha e “corpo em formação”.

Só bastou isto para Moses voar em Dylan e segurá-lo pela camisa, mortalmente ansioso:
- E onde eu posso encontrá-la?!... Por favor... Dylan... DIGA!


- Epa! So... Socor!...

- Acho que ele completará a mensagem melhor se você tirá-lo desta situação sufocante, CARA. - sugeriu pacificamente Aizaiah.

- Oh! Mil perdões, Dylan!

No pique de um guepardo, Moses soltou Dylan e a camisa social de linho. O sujeito apenas de risada da situação e levou na esportiva:
- É... Ainda bem que você não está tão a fim dela...

- Onde ela mora, Dylan?...

- Bem, em Tenbrennan... Eu acredito.

- Como "eu acredito"? - Aizaiah proferiu a pergunta no lugar do "ficante" e com muito mais altivez; não que o Moses repaginado não o fizesse igual, porém...

- Na verdade, eu sou amigo de uma das garotas com quem ela andou ontem.


- Ah, que ótimo! Resolveu tudo. - Debiega ironizou como um profissional de humor.


- Moses, é por isso que vim aqui... Que tal você ligar seu computador, ir no Nokeysa e me incluir como amigo?

- Está bem, cara... Não tem pressa.

- Não? Depois da confusão? É que a menina amiga da menina está na lista dos meus amigos,daí é só entrar na ficha da moça e caçar a "garota do beijo" pelas fotos de perfil.


Dylan mereceria uma medalha de serviços prestados a Sociedade Protetora dos Animais; ainda melhor, um Prêmio Nobel especial denominado: "fontes de auto-estima". É o Plano mais coeso, e mais exposto a peixinhos dourados, em anos no Pet Shop YL. O cacique Youko afirmou ter uma senha para o Nokeysa; então, ele também tinha uma ficha (ou “profile”) na rede social! A trama irá se desenrolar dentro da Internet... A vida era mesmo engraçada: Moses, de vez em quando, franzia sua fronte até para camuflar a digitação lenta na máquina registradora (um teclado numérico)! Ao ver rosto tão inconclusivo, os clientes acabavam imaginando que a máquina estaria com problemas.
Legalmente, esta tática era uma lição tomada de sua irmã, Sheila; uma das escassas recordações de Moses, da época em que dizia o vocábulo ‘família’ sorrindo, esfumaçava a visão de Derek pedindo para Sheila ficar alguns minutos no caixa, a fim de que ele pudesse ir no banheiro. O primogênito de Debiega riu muito da malandragem praticada pela caçula - “a balconista” - com a senhora Mill. Sheila, Sheila... Os bons tempos não são recicláveis.
- Ei, Dylan... Dê-me o link da sua ficha depois... Eu estou ligado ao Win e ao Yosef, eu acho... Eu irei pegar a minha senha e tentar entrar lá ainda hoje; dois meses depois.

- Moses, vai realmente querer rever a mina que ficou com você?

- É... Ora, por que não, Dylan?

O único que não entendia o processo completo das baladas ali era Moses: Em geral, nos eventos sociais focados no pessoal jovem, a paquera e a sua “consagração” (o beijo) possuíam um desenvolvimento moralmente anárquico... Tanto você podia ficar com alguém, e esquecer essa pessoa um minuto depois, quanto você podia ser “traído” por seus instintos e perder sua(eu) namorada(o) fixo durante uma aventura paralela; sendo esta conduzida através de olhares, gestos e outras trocas não-verbais. De contragosto, Moses, – o mais velho daquela trinca de homo sapiens – teoricamente, era o HOMEM experiente que aconselharia Aizaiah e Dylan sobre as pretensões feministas modernas (quando no mesmo ambiente de lazer malicioso dos homens). E na verdade estava na condição de “escoteiro lobinho” perante aos mais novos! Tal situação somaria com peso ao repertório de um fofoqueiro de plantão.
- Para você ter uma ideia de como é Tenbrennan no cotidiano... O bairro onde ela deve estar nesse exato momento: Lá você ouve Enconxa por todas as direções, sobre todas as casas... E em todas as favelas... Quem não é acostumado sofre um pouquinho... Isto sem contar a vi...

- Ui.

Aizaiah emitiu a interjeição e fez cara de quem não gostou; Enconxa... Moses deduziu que este nome denotava maus presságios. Ouvir Enconxa... Oras, seria um rito de passagem feito pelas pessoas do subúrbio?...
- He, He... Ei, Aizaiah, o Moses não sabe mesmo o que é o Enconxa. – Desconversou Dylan.

- Ele parece ter comprado ingressos para o nosso mundo só agora... – comentou Codi.

- Ei, falem logo! Como age esse tal de Enconxa?

Os rapazes explicaram ao Youko sobre o estilo musical gerado na própria periferia, cuja fórmula de composição não trazia (ou não precisava trazer) noção alguma de métrica, pulsação, compasso, harmonia, afinação... Generalizando, afinação era um talento inútil mesmo para alguém que entrasse como cantor (a) nesse gênero. O fundamental no Enconxa é saber mexer o esqueleto dos seus “adeptos” através de uma batida eletrônica pré-programada - numa forma sigilosamente tratada como padrão – e sintonizada com linhas triviais de trombones, saxofones ou percussões de músicas famosas do passado. Dylan ainda salientou que a pretensão básica do Enconxa é levar entretenimento fácil ao pessoal de alma jovem “a flor de pele”: As letras libidinosas saíam da consciência dos próprios compositores (as crias do descaso social em Meladori), que, aos moldes dos seus ídolos da TV, sonhavam somente em obter popularidade e dinheiro com elas.
Aizaiah interveio num complemento especial: Embora o reflexo da cultura do machismo, da falta de educação e da pobreza de espírito estivesse escancarado nas rimas, a mídia nacional aplaudia muito o movimento cultural... Era “A força dos morros exercendo valorosa influência social” – Os ditos enconxeiros, várias vezes, figuravam como elementos cabais na evolução exagerada de acidentes provocados por bebidas alcoólicas e também os demográficos (“O número de bebês nascidos nessas áreas não é brincadeira... Ensinamento ligado ao Enconxa!”). A crítica de Codi cutucou Dylan, que começou a olhar o garoto carregado de sombras.

- Bom, completando o que eu ia falar... Ah, sim: Isso sem contar a violência, os assaltos, a presença maciça do tráfico e a corrupção informal, como estão batizando, que rola por lá... Moses, vai por mim, cara. Se você puder conversar via Nokeysa com a mina, peça para ela vir para Justine. Vocês tem que amar o bairro onde vivem; ele é belo. Sinto orgulho e vergonha de ter sido criado num lugar daqueles... Mesmo gostando muito de Enconxa e as festanças, hehehe... As minas ficam rebolando, gingando e tudo...

- Obviamente, você já escutou o novo hit do Enconxa, o tal do “Desce que eu te molho”, não é? – dirigiu-se Aizaiah a Dylan.

- Hum-hum. Por quê?

- Eu nunca escutei nada mais deplorável na vida... O que são aqueles trompetes estridentes com o vocal chocho? É homem ou mulher o intérprete? Pelo amor de Deus...

- Ei, mas tanto faz, ela é o primeiro lugar de todas as rádios da Província de Meladori!

- Só porque as rádios daqui são umas...

- Pessoal, eu vou ajustar as prateleiras das gaiolas ali e vou subir na hora do almoço... Aizaiah, cuida da clientela enquanto procurarei a minha senha?

Moses apartou uma possível briga entre os adolescentes fãs de música. Sem querer. Pois suas vontades resumiam-se todas em ligar o semi-novo microcomputador, em seu quarto, e conectar-se aos serviços Nokeysa; conectar sua ficha com a da menina "de Rozendo" o mais depressa que pudesse. Dylan, vendo que o tempo fechara de vez para ele quando Moses pegou a caixa de ferramentas, escreveu seus números de telefone e celular para o universitário e ignorou o tchau de Aizaiah. Terminando tudo o que tinha que fazer, Moses esqueceu um comentário técnico do seu assistente antes de subir as escadas (algo como ‘minhocas e fertilizantes’), devido a sua tara a fim de ver a face da guria anônima, e, de quebra, verificar o nome dela! Com Quack em seu indicador direito, Moses – meio-dia em ponto – retornou ao seu quarto e revirou tudo em sua frente. Só salvaram-se os sapatos, a calça e a camisa que vestiu para enfrentar a noite de sexta (as roupas ficariam esparramadas no chão até Deus-sabe-quando). Entretanto, não custou nem meia hora para ele desdobrar o papelzinho embaixo da porta-treco em sua bolorenta escrivaninha.
Ao ligar o computador, Moses segurava com firmeza a sua senha e o telefone de Dylan e uma mão. Na melhor versão de sua fantasia, ligaria domingo de manhã para Dylan - um oportuno “guia turístico do subúrbio"; o Youko desceria até Tenbrennan e nenhum obstáculo como instrumentais de Enconxa, latrocínios ou saneamento desumano iria obstruí-lo. Quack se assustou com o barulho emitido pela abertura da tela inicial e saiu voando ao redor do aposento; Aquela moça tinha que existir de verdade... Tanto no mundo Nokeysa quanto no mundo Não-Nokeysa. Integrando-se ao portal social outra vez, Moses checou sua ficha: Havia uns 11 recados não lidos por ele (enviados por seus amigos dentro dos dois meses no “ostracismo” - Nove recados são de convites para baladas), também possuía dois pedidos de amizade a serem confirmados (duas meninas do curso de Nutrição); após o clique no “confirmar”, Moses ligou mais duas fichas ao seu total corrente de 77. Resolveu ir à guia “encontrar amigos...” a fim de reconhecer o profile de Dylan. Quando o achou, eis a surpresa: O cara tinha 435 amigos! Será que Dylan era uma personalidade? Moses mal conhecia 17 pessoas ligadas em seu profile; como Dylan conseguia ser amigo de mais de 400? Estava ocorrendo algum vírus no Nokeysa que contaminou a sua estrutura?
Epa, não importa mais! Moses ficou branco no segundo que identificou a foto da menina... Era ela mesma, em pessoa virtual! Dylan não mentira no final das contas; a imagem dizia silenciosamente o quê Moses entendia por "cara-metade": Olhos e traços mestiços, cabelo médio rosa, sorriso orgânico e o seu belo nome: Monique Hoshino.
Debiega nem gastou seu inesquecível minuto em confirmar a inclusão de Dylan na sua lista de amigos, foi direto adicionar Monique e deixar uma mensagem para ela:

Olá, sou o cara que brincou com você no parquinho da Praça Rozendo. Queria te ver de novo. Conhecer-te melhor...
Beijos.


Recado na medida certa! A postagem bem sucedida encheu Moses de apreensão. Mais hora menos hora, Monique ficaria online e talvez mandasse um recado no ato, Moses voltou a respirar como em sua recente adolescência: Ansioso, hesitante, hiperativo... Desceu para a YL porque, além de manter um pouco de hombridade adulta através da labuta, Aizaiah devia precisar de auxílio. Deixar para checar o Nokeysa no dia seguinte pela manhã, ao raiar do Sol seria conveniente. Saber a graça da jovem e a região onde ela morava foram dois troféus que Moses recebeu naquele sábado. Ao anoitecer, Moses ligou para Dylan e pediu o seu endereço; O Office-boy orientaria o veterinário o domingo inteiro a procura de Hoshino – na hipótese que ela respondesse a mensagem eletrônica de Moses positivamente. Dylan titubeou, mas acatou em fazer o favor para o novo amigo, e antes de despedir pelo telefone, avisou a Moses: “É por sua conta e risco, hein?”
Nada vinha dando errado, até Ruby como “anja” já tinha conversado com Moses e demonstrado apoiar suas futuras metas... Desta afirmativa, Deus sempre olhara por ele! A vida reiniciara ao garoto, o amor ameaçava a atmosfera acima dele e ele não iria negá-lo. Não mais. O Sol de domingo nasceu junto com as esperanças renovadas do Youko, o computador ligado prontamente e o Nokeysa ativado. Monique entrara às 20h de sábado (segundo o horário anotado ao lado de seu recado) e respondeu o seguinte a Moses:

Você conseguiu a proeza de me achar aqui, gracinha?
Fiquei toda envergonhada... É claro que eu quero sair com vc.
Eu moro em Tenbrennan e meu telefone é: 2292-2331-3785
Já estou aguardando um convite seu... Beijoooos.


Moses nem comemorou, tratou de acordar Dylan com violentos apertos de botão no telefone... Ia incomodá-lo via celular mesmo! Nem leu as notícias dadas pelo provedor de Internet e nem desligou o estabilizador da máquina. Gritou a um Dylan grogue que ele tinha que ir até a periferia, para surpreender Monique. Lento, o boy murmurou do outro lado da linha:
- ... Mas quando, Moses?...

- É JÁ!

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