segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"WATASHI WA ERU DES..." - MATÉRIAS DE UM CADERNO NEGRO


É, as aspas sempre se fazem necessárias comigo:

- "Pô cara, vê esse anime! DEATH NOTE o nome dele..."

- "Cara... Você tem que ver Death Note cara! Tem que ver o L cara! É o melhor!"

- "Como você não sabe ainda o que é o Death Note cara?"

Impulsionado por essas frases de 2 ou 3 amigos meus, eu me fiz esta pergunta durante várias semanas até pegar emprestado o primeiro DVD da versão animada dos mangás criados por Tsugumi Ohba por volta de 2002/2003. Doze mangás e trinta e sete episódios divididos em 3 discos era tudo o que eu tinha sobre a ficção protagonizada por Light Yagami até ir a Bienal Do Livro do Rio de Janeiro e ver alguns volumes do mangá à venda num estande. Voltei para casa com o número 13 nas mãos (Edição entitulada pela editora JBC de: "A VERDADE"; em função de esclarecer explicações a um sem-número de dúvidas sobre momentos confusos de Death Note) e lendo as entrevistas de Ohba, e do grande desenhista da série Takeshi Obata, fiquei ainda mais fissurado pela série. Que já é naturalmente fascinante (puxação de saco detected).




Na foto: Ryuk, Light, L, Misa e Rem



Para o pessoal que ainda não tem idéia de que que eu estou falando, aí vai a rosa-dos-ventos:


DEATH NOTE trata da história do fim da adolescência de um jovem vestibulando japonês chamado Light. Moleque de boa família, bastante inteligente e com valores/costumes/ideais xiitamente construídos: Ele é filho de Soichiro Yagami, um membro dos altos escalões da Polícia do Japão e, por isso, desde pequeno apurava seu senso de justiça (guarde este termo... "seu").

Sua rotina aos 17 anos era ir ao colégio, fazer as refeições junto da mãe (Sachiko Yagami) e a irmã caçula (Sayu) à mesa e depois estudar horas a fio dentro do quarto. Para todos ao seu redor, Light significava "um jovem exemplar". Porém sua vida mudou quando "alinhou conclusões" com o Shinigami Ryuk sobre a vida... Em ambas as dimensões (Mundo dos humanos e o mundo dos Deuses da Morte = Shinigamis), aquilo tudo "era um TÉDIO".

Ryuk viu a possibilidade de divertir-se no Planeta Terra através de duas "ferramentas": Um caderno que ele furtara de um Shinigami e as decisões de Light. A criatura deixou o Death Note alheio cair no pátio da escola do rapaz e ele o pegou. Ao ver a inscrição Death Note na capa e ler umas quatro regras contidas na contracapa, achou tudo uma palhaçada digna de ser fruto de alguma mente estudantil ociosa. Entretanto, levou o livro preto para sua casa e leu com atenção as regras:


- O Humano que estiver seu nome escrito nesse caderno morrerá.'

- O caderno não surtirá efeito a menos que se tenha em mente o rosto da pessoa cujo nome será escrito. Portanto, outra pessoa com o mesmo nome não será afetada.'

- Se a causa mortis for escrita até 40 segundos depois do nome da pessoa, segundo a unidade de tempo dos humanos, assim será feito. Se a causa não for especificada, a pessoa simplesmente morrrerá de parada cardíaca.


- Após escrever a causa mortis, detalhes específicos da morte devem ser fornecidos nos próximos 6 minutos e 40 segundos.


A maçã e o caderno: Uma "troca" incomum não, Light?



Sorte a de Light que sabia ler em inglês... Pois bem, apesar de não acreditar em tudo aquilo, resolveu brincar testando com um criminoso que estava sendo noticiado na TV em seu quarto - O sujeito fizera crianças de reféns numa creche - e assim, ficou atordoado 40 segundos depois: Todas as crianças começaram a sair da creche e em questão de minutos, a repórter ao vivo declarou: "O criminoso está morto! Acredita-se que foi... De parada cardíaca!"

Yagami, obviamente, começou a tremer e a suar. O caderno tinha um poder real? Após testar mais duas, três, quatro, cinco vezes com gente "inoportuna". Passou-se cinco dias e caiu de cara de repente quando viu Ryuk em sua frente; Um monstro alado, brinco na orelha, braços e pernas enormes, uma caveira no cinto... Surpreendemente, Light não ficou aterrorizado como mandaria o figurino, pois já desconfiava que um caderno daqueles não seria obra humana - Ryuk ficou mais atônito ainda quando o garoto mostrou o Death Note com centenas de nomes em suas páginas. Após as explicações do Shinigami e de Light, no tocante aos seus objetivos de criar um mundo novo utilizando o caderno (nas palavras de Light é " mundo puro", mas deixa quieto), é hora da melhor parte: Quando L entra em cena.




O personagem fictício mais "cool" das redondezas


"Éle"? Sim, a alcunha do melhor detetive do mundo (na pronúncia em japonês: "ERU"); o pivô do desenrolar de toda a incrível trama genial elaborada por Ohba. Com a mídia divulgando as mortes cardíacas em sequência dos vários criminosos, o folclore popular nipônico iniciara na Internet "A Lenda De Kira(KILLER)", cujos seguidores viam que havia um ser divino resolvido a punir fatalmente as pessoas impuras em busca de um planeta melhor. Light permaneceu indiferente a isso por um tempo, mas sabia que seu ideal de um mundo novo, só com pessoas "boas", já era louvado por muitos até fora do Japão (Viva a mídia supersônica moderna, certo? :p). Contudo, a INTERPOL foi contatada por L, que pediu a ajuda dos orgãos de segurança japoneses para investigar a identidade do tal "Kira". Sendo o detetive mais famoso existente, a polícia do Japão titubeou devido a insistência de L em comunicar ao país que era justamente naquele arquipélago a origem do assassino serial-poderoso-sobrenatural-justiceiro, porém aceitou um plano da misteriosa voz do computador (L jamais fora visto nem pelos presidentes da CIA ou FBI) do agente especial Watari. O plano para reduzir o escopo investigativo deu muito certo e ainda acabou encurralando um "julgamento" de Kira.
- Isto eu não irei explicar aqui para não demorar mais... ;)

O ato estimulou Light a baixar sua bola, e perder o controle com a frase, de voz distorcida, proferida daquela consoante pela televisão: "KIRA! VOU ENCONTRÁ-LO E ACABAR COM VOCÊ, EU SOU A JUSTIÇA!"

DEATH NOTE, em suma, é isso: Um combate intelectual entre KIRA-LIGHT e o detetive L para ver quem chega e destrói os planos do seu inimigo primeiro. Ou seja, Light deve achar, descobrir o nome e matar L antes de, finalmente, começar a gênese do mundo ideal povoado apenas com terráqueos bons. Para isso, ele (não) terá a ajuda do comedor de maçãs Ryuk - que deve acompanhá-lo em todos os momentos - de Misa Amane e outros personagens surgidos ao desenrolar da história. L (o "pro-antagonista") também contará com um arsenal surreal de pessoas e recursos para sua investigação, dependente do trabalho dele ou não.

As características invejáveis contidas em Death Note são a quantidade de suspense, surpresa e reviravoltas (veja bem, são apenas 12 volumes em mangá!) e também de assuntos retratados, relacionando a vida e ao comportamento humanos ao destino e as decisões que devemos tomar. Quase todos os personagens possuem uma alma impactante; um modo especial de atração ao espectador, entrementes, as mentalidades minunciosas pertencentes a Light, L, Mello e Near (ambos também detetives) são tão persuasivas que dependendo de cada "manobra" realizada por algum deles - visando uma gafe do oponente - podem nos induzem a oscilar a nossa torcida para a realização de seu propósito. E não adianta, leitor(a), no caso de ser um defensor do bem, dizer de antemão que está do lado da justiça de L... Você irá torcer para o egomaníaco "Yagami-kun" em diversos instantes!

Abaixo, os principais tópicos, componentes do recheio dessa intrincada história, que me despertam constantemente a atenção:
(AHUAHAUHAUHAUAHUA! TAL COMO PLANEJADO! = parafraseei Light, não resisti...)



AMOR --> 1º aspecto vísivel capaz de abrir minhas perspectivas a outros conteúdos implícitos da obra: a lolita gótica Misa Amane entra na trama. Quase de imediato, mostra-se predisposta a cumprir tudo o que Light a manda fazer e até mesmo como agir em determinadas situações. Não mede esforços quando o assunto e ser útil a seu amado. Os sentimentos da loirinha são intensos em demasia para com o garoto de coração frio, e ela apenas deseja que Light corresponda todo o amor que ela nutre desde o fator Kira = Responsável por matar o assassino dos seus pais. Além de namorada, ela é uma marionete de Light nas duas pontas da história, e fundamental para que ele obtenha alguns triunfos... Mas a recíproca positiva da parte de Kira nunca Amane experimentou, pois ele nunca a amou; usou-a julgando que a moça também era só um elemento do mal também. Essa é uma lição de Death Note: Às vezes, não se pode gostar de alguém que está disposto(a) a morrer por você. E o pior, ela não foi a única mulher a ter sua felicidade destruída pelo usuário do caderno de Ryuk... Veja você depois. Amigo(a) leitor(a).



Misa Amane: Vítima ou vilã? Só você pode dizer!



COMPETIÇÃO --> A ambição nem sempre adquire contornos desejáveis, certo? Errado! L e Light almejam pôr a cabeça um do outro a prêmio e nem querem saber do preço a pagar por meios que podem auxiliá-los nesse objetivo. A partir do momento em que Mello e Near saem do orfanato onde viviam, uma batalha pessoal entre os dois se fortifica. E no que baseia-se a "guerra"? Na captura de Kira! Mello e sua rebeldia não permitiam que Near fosse o mais inteligente da Instituição Wammy desde pequeno - ser o número 2 significava ser zero. Uma vez Near prontificando-se a investigar sobre o caso Kira com o aval dos EUA, Mello tratou de mover suas peças - Se eu dissesse "sempre dentro da Lei" soaria como eufemismo descarado - a ponto de atordoar seu rival e Light Yagami simultaneamente em questão de dias. Entretanto, a carga emotiva fundida ao orgulho de suas atitudes, que não o abandonavam, colocou-o em condições desfavoráveis nessa sua trajetória cheia de reminiscências... Lembram do Vegeta e do Goku do Dragon Ball? Digamos que ambos ("M" e "N") tem 50% de cada um desses guerreiros saiyajins na receita de sua personalidade... Assistindo/lendo a série, todos entenderão (eu creio).



Near e Mello: Acerto de contas

MEGALOMANIA --> Com o clima de disputas incessante ao longo de DEATH NOTE, logicamente, devemos notar o excesso de si que Yagami carrega... É marcante ver a maneira que o caderno da morte o corrompe e o modo que seus valores desvirtuam-se em muitos momentos. Virar DEUS de um novo mundo denota o limite das ações do jovem. Mas ele não é o "todo mau" da história. Claro que não. Mello, Near e principalmente L, também abusando de uma sapiência extraordinária, crê que os fins justificam os meios... Que pratica logo no começo! Check out!



HUMANIDADE --> Rodeados pela monstruosa tecnologia que manda e desmanda nos nossos tempos, a sociedade (japonesa) mostrada em Death Note situa-se dividida entre Kira e L... Porém, elementos como os programas televisivos sensacionalistas, questões dos direitos humanos internacionais e - claro - a dobradinha dinheiro/poder influem diretamente na rotina das pessoas, cujas atividades diárias poderiam ser taxadas de ilícitas na visão de Kira, tornando o raciocínio e a opinião mais movimentados no cérebro da população. Não é só o coração de Misa-Misa que "abala-se" perante o surgimento de Kira: O povo de lá passa a adotar até as questões religiosas a fim de resolver contendas relativas à justiça de tal assassino. Isso gerou um certo rebuliço também nas rodas de discussão dos leitores do mangá.

O mais curioso é que tanto Tsugumi Ohba quanto Takeshi Obata alegaram nas entrevistas do 13º "tankobon" que não queriam em nenhum instante que o Death Note se transformasse em algo polêmico; graças às iniciativas radicais socio-psico-metafisícas de Light. A intenção foi criar um história em mangá divertida, eletrizante e diferente dos padrões que vinham fazendo sucesso no gênero nesta virada de século. (Desenhos com traços adultos... Ponto para Obata!)

Infelizmente, parece que os sites brazucas bem especializados(deathproject e silènsce) na obra estão em manutenção... Impossibilitando que eu possa colocar os links úteis de acesso aos capítulos do mangá e aos episódios animados. ¬¬

Já sei! Para a galera interessada em conferir, basta ir às benevolentes comunidades de Death Note no orkut, no facebook e em outros planetas cibernéticos que eu nem deva conhecer (oras, parece que estão fazendo uma rede por mês agora, não acham?)





Por hora, e por favor, assistam. Eu vou escrever melhor sobre a série depois a resumo melhor... Até mais, futuros viciados em DN! hehehehe ;P