
CAPÍTULO 2
BASTA UM PRETEXTO
BASTA UM PRETEXTO
Que sonoridade afável a da campainha dos Codi... Os ouvidos de Moses se chocaram com aquelas ondas e encolheram: Ele não curtia mesmo música, não importando o estilo ou a qualidade delas; mas, tal “clique”... Uma melodia suave e ressonante, alardeando 100% de contraste com o mundo urbano, e cinzento, cujas pessoas – em geral - estavam misteriosamente habituadas.
- Vó! O meu chefe já chegou. – O “chefe” escutou, através da porta, um Aizaiah de voz difusa. E lá vinha o barulho das chaves:
- Boa noite, cara. Como vai? – Aizaiah cumprimentou verbalmente e gestualmente, com um aperto de mão na horizontal a La adolescente de escolas públicas meladorianas.
- Perdão: Como foi, não é...? Lá na festa, haha. Entre, sinta-se na Youko. – O jovem amigo de Moses mantinha a face enigmática costumeira, no entanto, recepcionar e acomodar as visitas com naturalidade – a arte de “fazer sala” – fora praticamente inventada por Aizaiah!
Três pessoas adentraram a sala de estar onde Moses havia “se acomodado” - no sofá mais chique que já viu - além do assistente veterinário: Um homem meio barrigudo, sem problemas visíveis de calvície, postura exemplar e muito bem arrumado; Uma mulher de cabelos curtos (imagine como seria um “corte militar” feminino), com olhos negros bem brilhantes e um corpo maduro bem conservado; e uma senhora de vestido simples, com um distinto broche no peito - em forma de uma folha de árvore – e um distinto sorriso apreciativo na direção de Moses; Que, tirando o fato de ter se arrepiado levemente quando a vovó Codi o olhou, permanecia recriando (ou fantasiando) a cena ocorrida minutos atrás na Praça Rozendo. A moça teria que aparecer de novo.
- Boa noite, senhor Debiega. É vergonhosamente emocionante revê-lo após tantos anos. – cumprimentou a Vovó, acercando-se de Moses e passando sua mão enrugada nos cabelos dele. – Acompanhe-nos, por favor. Vamos jantar logo.
Até que a senhora era bem lúcida... Moses andou “bambo”, acarretado pela fadiga acumulada nas pernas – depois do seu sprint radical – e sentou-se ao lado da Matriarca dos Codi: A senhora substituiu o pai de Aizaiah na cadeira central da mesa de jantar. Ocasião especial mesmo:
- Bom... Esse ano, só posso iniciar este jantar de despedida com uma interjeição: Aleluia! Uma pessoa ligada à trajetória da nossa família – de maneira indireta, podemos dizer assim - está reunida conosco para termos um momento incomum e abençoado... Coisa que, infelizmente, vocês não presenciavam há muitos séculos, não? – a Vovó conduziu sua crítica feroz na cara do pai de Aizaiah. Sujeito que, na teoria, deveria ter os culhões dentro daquela casa...
- Mamãe... Não é necessário toda essa...
- Nem vem com essa, filhinho. Você é um triste reflexo desta nossa sociedade: é só o trabalho de lhe fornecer um copo de cerveja e uma televisão enorme, passando o sagrado futebol, para você esquecer uma vida inteira; idolatrar a zona de conforto é o pior pesadelo que um ser humano pode encarar... E, vocês dois sabem melhor do que ninguém o que falarei agora (a Matriarca apontou para a mulher de Jerry Codi e Aizaiah): Meu Jerry perdeu de propósito a si mesmo quando... Bem, vamos nos servir, certo?... Moses, você não vai deixar de ouvir o resto desse discurso, fique tranquilo.
Se Moses ousasse recordar uma passagem de sua vida onde estivesse tão chapado por sua parte emocional, não acharia semelhante à sensação que o asfixiava ali, no “pré” jantar com os Codi: A Vovó possuía uma capacidade argumentativa aterradora e um poder de síntese para pensamentos... O Youko começou a confessar - a si mesmo - que estava ficando assombrado com a austeridade da velhinha. Entretanto, simultaneamente, tais demonstrações de força perfuraram a consciência de Moses tal que ele pressentiu algo bom iminente... Como uma prestativa reforma.
- Você aceita um pouco de caranguejo, Moses? A receita é do seu pai. – A Vovó, com o jeito mais ingênuo do mundo, retirou o plástico protetor do maior recipiente na mesa e o inclinou, ajudando Moses a “dissecar visualmente” o prato: Um molho viscoso dourado banhando pedaços de carne clara...
O cheiro dos temperos que figuravam na receita tinha um poder anestésico devastador; Moses simplesmente quis estender a mão para pegar um pedaço e provar, mas deteve-se: O pai dele que inventara aquele prato? Derek teria coragem de enfiar caranguejos vivos numa panela fervendo de graça, sendo ele um vegetariano defensor xiita dos animais? A única explicação que o herdeiro arranjou foi para o plástico que envolvia a vasilha: A conservação da temperatura contribuía para a concentração do sabor, e a temperatura fez um grande trabalho... Pois ele ingeriu um pedaço e não parou mais de repor ao seu prato; obviamente, servindo-se com doses de ética alimentar (Moses escondia seus costumes veganos enraizados até de Aizaiah).
- Vejo que foi acertada a escolha de acrescentar o siri do Pacífico no jantar, hein, mãe? – falou Jerry Codi, no outro lado da mesa, quebrando as possibilidades de um previsível – e restrito - diálogo entre Moses e a avó de Aizaiah.
- Quantas vezes eu já disse que o nome desse prato está errado, filhinho?! Isso é outro tipo de caranguejo, e não o siri! Onde você já viu um siri deste tamanho? – argumentou a senhora, apontando, com um indicador bem rente, o prato recheado de “siris” de Jerry.
Os talheres de Moses interromperam o trajeto boca-comida para o seu condutor ficar, de novo, boquiaberto com a sapiência da “velha”: A alegação divergente entre siris e caranguejos normais dar-se, primordialmente, pelo tamanho era inteiramente verídica! Mas o rapaz achava que, para saber daquilo, a(s) pessoa(s) deveriam ter um interesse grande por biologia e ecologia; ou serem bastante curiosas com conhecimentos gerais. E ela era uma senhora de idade! Para quê absorver informações tão vãs quanto “anatomia de crustáceos” aos 80 anos?
- Além do mais, o nome não vem ao caso mesmo. Então, Moses... Como está a loja do seu pai? O remendo no assoalho continua balançando o segundo andar?
Estava mais do que hora de Moses perguntar o nome da vovó:
- Puxa, não... Desculpe-me, madame... Mas posso perguntar o seu nome?
- Ora, você já soltou a pergunta! Hahaha. Jeon é o meu nome. Para efeitos de preservação da sua memória... O prazer é todo meu, hahaha! – Jeon exclamou estendendo sua mão a fim de Moses a cumprimentá-la, em tom de pura brincadeira. Dando a oportunidade ideal ao início da troca de ideias:
- Você... Quero dizer, a senhora viu o meu pai quando ele era mais jovem? Ops, perdão... Era uma cliente assídua da Youkoloko, senhora Jeon?
Moses nunca se sentiu tão constrangido em ocasiões formais: Tamanha confusão em coordenar perguntas e comentários era de praxe; porém aquele dia ganhara o título de especial com pompa e circunstâncias... Sua alma estava diferente depois o ataque da “menina ninja” e já lograva total ciência disso; mas daí a persistir na gagueira era demais... A lentidão espiritual deve desvanecer junto com a verbal.
- Relaxe... Não fique com essa cara de derrota, Moses. Seus questionamentos são honestos e racionais! Afinal, você nem sabe de onde essa velha que te fala veio e, mesmo assim, está ouvindo alguns fatos sobre o seu pai. Derek. (suspiro) Um sujeito que defendia os seus princípios como ninguém; e, no entanto, detinha um grau de vaidade decepcionante... Isso a meu ver, lógico. – completou sucintamente a senhora Jeon, ao notar Jerry terminar de triturar seu caranguejo e preocupar-se em (contra-) argumentar o que ela desferia.
Moses prestou cuidados em uma palavra destacável: “Princípios”. O que seria “princípios” para Derek e Jeon? O que a velha Codi entenderia por ‘propósitos’? O Youko pressentiu que iria divertir-se durante todo o jantar, caso estabilizasse seus pensamentos. Melhor, só a sua voz:
- Senhora Jeon, por um acaso, a senhora conheceu a minha mãe? Ai.
Tal “Ai” proferido por Debiega não foi por nenhuma sensação dolorosa; a não ser que a idiotice seja uma doença com sintomas evidentes. Após a interjeição, Moses abaixou a cabeça como um soldado que acabara de empurrar, sem querer, um general.
- Hein? A sua mãe? Sim. A conheci.
O retorno daquela frase lacônica foi a abertura angular das córneas de Moses, indicando um estado de espanto; era bem verdade que esse é o primeiro diálogo entre Jeon e ele, até então dois seres conectados por um passado difuso, mas... Ela só respondeu a pergunta? “Sim” e “não” jamais abrem ou fecham portas, pois são grossas demais para trancar fechaduras.
- Ah... Legal. Então, conheceu sim...
Haja segundas intenções nas reticências de Moses... Era o fim da linha para ele. Um interrogatório decente partiria dessa sentença: “A madame conheceu o meu pai antes de ele namorar a minha mãe?” ou até “O senhor Codi era amigo do meu pai há desde a infância ou conheceram-se no colegial?” – O que estimularia, assim, a memória de Jeon referente a juventude de seu filho (de forma implícita, a etapa da vida de Jerry inesquecível para a vovó).
- Falar de Ava não me agrada nos dias atuais, eu acho... Mas posso lhe comunicar várias lições de vida que o seu pai acabou dando a mim, pena que ele faleceu sem saber disso. – a Matriarca alterou as feições de seu rosto disfarçadamente, mostrando receio de despir a sua tristeza para Moses e a família.
Entrementes, Moses havia esquecido metade da fisionomia da garota na Praça Rozendo. Entretanto, odiando o “esquecer” como o veterinário, afirmar se este pormenor é benigno ou não seria um trabalho obtuso; O importante ali era apurar os tímpanos a fim de tirar consciência de cada frase, daquela mente cativante de Jeon, sobre as “lições” de Derek... E, sim, mastigar a comida.
- Vejo que todos nós estamos terminando o jantar. Seria antiético da minha parte dar uma de eloqüente, ou prolixa, minutos antes de organizarmos uma fila em frente ao banheiro... Serei direta, querido Moses: Sabe qual é a diferença entre o piche e o grafite?
- Oi?
Moses queria ouvir um pouco da história de seu clã, e não informações da arte marginalizada urbana; Então Jeon estava caducando!...
- Hehehe, não pense que estou caducando! Não... Esta é a melhor analogia que eu encontrei para dissecar as virtudes do seu pai, em comparação as de Jerry. – Jeon apontou com os lábios murchos – com um quê de desprezo – para o outro lado da mesa; Aizaiah e sua mãe, que não abriram desde a “revelação” dos alimentos, finalmente adotaram um semblante mais antenado à conversa que se seguiria:
- Puxa, madame... Ainda... Estou sem compreender.
- Bem, você é universitário, certo? Concluo naturalmente que você saiba que o piche é um crime e o grafite é um trabalho fundado no desenvolvimento contemporâneo da pintura, que é uma forma de expressão artística. Ou mais ou menos isso, certo? Hahaha.
- Bem... Sim, sim. Faz sentido. Piche é ruim e grafite é legal. Sim.
- Aí é que está o interessante: O buraco é muito mais fundo. Você acha que um pichador teria chance de tornar-se um bom grafiteiro?
- Se pode tornar-se um...? Nunca... Nunca pensei nisso. Pe-pela lógica...
A guarda moral de Moses ficou escancarada depois dessa hesitação, Jeon piscou devagar os olhos e iluminou a sua garganta, visando a luz do lustre na sala de jantar:
- Por favor, nada de lógica. Irei explicar a vocês (virou o seu rosto sorridente para Aizaiah, Jerry e a sua mulher) claramente: Um pichador tem todas as possibilidades de virar um grafiteiro, desde que abandone as latas de spray.
- Mas... Por quê? Sem o spray...
- A vida de uma pessoa que suja as ruas com aqueles inscritos complicados é mais cinza do que tais atos infratores, Moses... Por exemplo, o pichador que se preze nunca sente medo de ser pego pela polícia e nem por algum civil, armado, que venha a se sentir lesado por ele; por causa da velha máxima do “eu não tenho nada a perder, já estou condenado a um futuro infernal”. Pois é... Acho que esse pensamento é ridículo.
- “Ridículo” Vó? Mas é a conclusão mais unânime do mundo! O marginal faz bobagem porque a sua vida é péssima em todos os aspectos, então, ele vai perdendo a sua alma até “morrer” psicologicamente... É o autoflagelo. – Eis que Aizaiah surge no meio do bate-papo de duas vias, propondo um caminho alternativo; o tipo de pessoa que faz a diferença na balança.
- Exatamente, meu amor... Autoflagelo é a palavra. O cara que picha muros pode ser um doente, um viciado, uma pessoa sem condições de moradia ou comida... Etc. Porém podemos pegar todos esses motivos e condensar em um só: Desestrutura familiar. Hoje, os jovens e seus responsáveis... Não falam muito de guerra.
- Perdoe-me, madame Jeon... Como falar de guerra? Guerras influem na educação?
Pelo olhar atordoado e intrigado, a garota da Praça tinha sido obliterada da cabeça de Moses. Melhor dizendo, até a história do pai dele estava no “plano de fundo”: Assistir a velha Codi ilustrar o seu raciocínio era uma atividade revigorante e – riam – sedutora.
- Quando você almeja prosperar plenamente em sua jornada, você tem que preparar-se para a guerra. Porque todas as virtudes de um grande soldado serão as únicas armas que vão acompanhar você para sempre: Coragem, iniciativa, humanidade, decisão, austeridade... E, como não poderia faltar, sentimento. Embora... Hoje, nós chamamos de “feeling”, pois por incrível que pareça, esse termo melhora bastante a nossa concepção. Hahahaha!
Neste momento, os olhares de Aizaiah e de Moses encontraram-se; e se depararam com um par de sobrancelhas arregaladas também. As coisas ganhavam contornos de bom senso afinal:
- O pessoal que, infelizmente, possui uma formação fraca e uma falta de cuidados da família quando pequenos... Tendem a serem pobres. Não só de grana, mas também de espírito. Às vezes, os que conseguem enricar com dinheiro jamais obtêm a mesma proeza em relação aos valores morais; estes tipos de pessoas formam a massa dos medrosos. Aqui na nossa terra não são poucos, hein. – alertou, em tom de recordação, Jeon.
De fato, a quantidade de pessoas que batalhavam todo dia “por um lugar a Lua” (A fila para as vagas no Sol já estava estagnada) na Terra de Moses é absurda. A concentração de terrenos e rendas era tão desequilibrada quanto a índole de um psicopata; e, não importando o número de vezes que se ouvia: “o governo é o culpado... X é culpado... Y está nos roubando...” no país, nada o povo fazia a respeito a fim de corrigir as desigualdades e as explorações. Um monte de covardes...
- Moses e Aizaiah, não cogitem a ideia de rotular o povo daqui como “covarde”...
Como?
-... “Covarde” usamos para designar um homem que faz engravida uma mulher e foge, para xingar alguém que bateu gratuitamente num ser indefeso, nomear quem furta bens materiais aproveitando-se dos bons sentimentos dos outros... Enfim, “medroso” e “covarde” tem uma diferença quase abismal no nosso caso: O medroso é obrigado a encarar uma guerra sem estar preparado; o covarde, ao entrar numa guerra, morre. Só há um ponto em que ambos concordam... O da exploração dos recursos da natureza; Como um resultado previsível, o mundo conspira contra o medroso e contra o covarde por ameaças idênticas. Sacaram? O MUNDO CONSPIRA CONTRA (Jeon falou com tanta potência na voz que conseguiu tatuar esta frase no ar).
Os garotos perderam suas vistas nos porta-retratos dispostos na mobília... Fora um monólogo deveras profundo. A questão do grafiteiro e do pichador ainda não estava resolvida.
- O objetivo de um grafiteiro é simplesmente mostrar sua capacidade de guerra; a sua iniciativa de combate... Sua técnica de deixar uma marca – qualquer que seja – significativa ao mundo. Marca essa que Derek cansou de realizar, Moses. E você pode fazê-la perdurar.
- Meu pai?... Deixou uma marca particular aos olhos do mundo? Onde? Será que algum registro de jornal velho na minha casa? – Moses ergueu de um salto na cadeira... Ficara tão atraído com o linguajar moderno de Jeon – focado no assunto discorrido – que se esquecera do seu pai, da garota, do Quack... Era como estivesse “se traindo”. Voltando para casa, ele verá alguma c...
- Hahahaha! Ai, Deus. Seu pai não virou uma personalidade, Moses... Quem disse que “ser famoso” é pré-requisito para tornar-se indispensável no Planeta? Hehehehe! Prova disso são esses cantores horríveis que castigam nossa televisão ou rádios sem parar, atualmente... Com certeza, eles não entrarão em muitos livros de história.
- Mas ele, meu pai... Trabalhava de biólogo... Após isso, virou um veterinário. Então?...
- Derek Debiega tinha um talento invejável: O de tratar de animais. Ele dedicou muitos anos elaborando receitas para remédios, rações e acessórios que viabilizassem o melhor contato entre os homens e os bichos. E não basta isso tudo ser reconhecido por muita gente “do ramo”; Debiega executava suas tarefas com paixão, estudava com afinco; quando projetava algo em curto prazo, teria que ser em curto prazo. Sem burocracia, sem vícios... Não vivia pelo amanhã, buscava as bênçãos divinas no sagrado “hoje”. Odiava ser medroso até em assuntos em que era leigo, sabia um pouco de tudo para informar e interagir bem com vários tipos de gente... Ter preguiça não era um pecado para ele, e sim um sintoma do medo. Acomodação serve para o bem e para o mal... Por isso é tão chato ficar parado. (pausa com suspiro)
- A nossa guerra pessoal não pára jamais, sempre inconstante, sempre lapidante... Contudo, se você ousa desafiá-la contente, brigar disposto a se machucar, a evolução acontece. O aprendizado é a chave e o crescimento é o cadeado. Não basta o “sim” ou o “não” para nossas escolhas. Decidir era o que o seu pai dominava de forma mais astuta. Vivia preocupado com a melhor opção a ser tomada... Foi uma pena que as suas preferências o traíram.
- Preferências? Quais preferências, senhora Jeon?
Jeon abriu a boca e mostrou a língua esbranquiçada, como se acabasse de ter gritado um palavrão automático, em três segundos. O jantar estava terminado.
- O pichador só torna-se um grafiteiro quando abandona os sprays, sim... Pois ele precisará reconhecer as cores e as nuances respirando outros ares, a fim de achar a inspiração para viver. Revendo a “palheta” de cores - divergentes das habituais preto, branco e cinza - e assustando-se, ele ficará perdido na arte... Apaixonando-se pela aquarela, a arte encontrará abrigo nele. Nesse mundo, o amanhã será constantemente a maior das desculpas, jovens. Não esqueçam.
Foi um balde de água congelada nos Youkos a conclusão "anticlímax" de Jeon, mas Moses ainda vislumbrou o valor daquelas palavras depois dos abraços de despedida em Aizaiah, na mãe dele, na vovó Codi e - principalmente - de Jerry... Que o abraçou chorando bastante (estranho). A Matriarca piscou para ele; talvez torcendo para que, diante daquelas amostras de prolixidade ouvidas, Moses não virasse nem um pichador, nem um grafiteiro e muito menos um covarde... Mas que somente deixasse de ser um medroso falso.
A garota misteriosa roubou o lugar de protagonista novamente, na mente do rapaz, ao primeiro pé de Moses fora da casa. E durante as passadas cambaleantes e barulhentas de volta para a YL, Moses eliminava um fiapo, de algum caranguejo obeso, em seu dente molar... Lembrando-0 de um gostinho insano - porém viciante - de "segunda casa" a cada virada de pescoço para trás. Um "passarinho" nervoso em seu cerebelo o cutucou; devia exercitar um outro pensamento até ir deitar-se:
Jeon não teria conhecido Ava muito bem: Apenas a teria abominado.
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