segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A AMÉRICA LATINA E SEUS ÍCONES: MAFALDA E CHAVES CONTRA OS TRANSTORNOS BIPOLARES

Leia este petardo ouvindo essas canções para aumentar o seu prazer:



"How Soon Is Now?" (THE SMITHS COVER) - t.A.T.u:
http://www.youtube.com/watch?v=8eGvmB8Phk8

"Blame, Etc" - THE AFGHAN WHIGS:
http://www.youtube.com/watch?v=lzaG-Pn9kPU

"Rasguña Las Piedras" - SUI GENERIS
http://www.youtube.com/watch?v=wZi-HDLJifI&feature=related

"Cuando Tu no Estas" - EL TRI
http://www.youtube.com/watch?v=X5XAl0V9NNE






O período dos vestibulares vai dar uma trégua agora e o blog aproveita - impulsionado pelo meu pique de fuçar livros e mais livros de história, eu chamo isso de estudar - para apresentar considerações particulares sobre a tal de Guerra Fria, o circo armado por ianques e soviéticos que envolvia um perigoso espetáculo para todo o planeta. Cujas consequências seriam mensuradas/imaginadas a partir da sentença: "Com a Terra em cinzas..." pelas pessoas que não se encontrassem na superfície. (Bem, havia uma inexorável corrida espacial para ver quem era o mais lunático, não é?)


Para simplificar essa aula de geografia disfarçada de história, os Estados Unidos não podia deixar espaços para o universo comunista respirar em seu "quintal" no sul. Ao menos, não mais. Já que Cuba tinha sido "infectada" pelo mal após a Revolução de Fidel e Che Guevara no fim dos anos 50. Para tanto, eles iniciaram a tática de dominação cultural para nos seduzir e nos manter ao lado da cadeia predatória... E DEU CERTO! Eu posso e nós podemos atacar verbalmente o capitalismo em muitas ocasiões, porém vamos ao cinema ver filmes do Tio Sam e assistimos programas de TV influenciados por Oprah Winfrey; entre roupas, comidas, cotidiano... Adotamos muitos hábitos do América do norte e é tudo transparente, somos americanos por origem e por instinto, anti-patriotismos à parte, até os desenhos animados favoritos do povo tem os dedos de Walt Disney, Hanna Barbera, Walter Lantz, Herbert Richers... Mas hein?

As atrações voltadas para o público infanto-juvenil ficam como as lembranças mais duráveis para uma sociedade "periférica" como a nossa quando falamos de entretenimento. Mesmo com o boom das séries de Hollywood de uma década para cá. São os personagens lúdicos, de histórias bem simplórias, os símbolos de um termo que os jovens devem conhecer para viver bem: Divertimento. E, acreditem, dois dos nossos irmãos de colonização ibérica criaram seres de talento... Ou bastante capacidade de marcar a mentalidade dos seus fãs. CHAVES (México) e MAFALDA (Argentina).

Antes que chova veneno, eu sei que entre estas duas franquias existem uma série de diferenças: Chaves é um seriado e Mafalda é símbolo dos quadrinhos/tiras de jornal; a trajetória do garoto do 8 é muito mais famosa do que a da menina contestadora, etc, etc... Mas se pensarmos um pouquinho, ambos em suas sagas abordam questões hermético-psico-economico-sociofilosóficas que, se interpretadas de um modo doentio como o meu, poderiam causar algum dano na implacável - e rentável - "boa" política norte-americana de IMPOSIÇÃO cultural genialmente arquitetada na Segunda Guerra. Fora um impacto provocado por duas vias de conscientização humana: A emocional e a racional.




Roberto Gomez Bolaños iniciou sua carreira artística antes de "inventar" a Turma do Chaves nos anos 70, ganhando destaque em seus esquetes humorísticos e também adquirindo um codinome: Chespirito (Uma brincadeira com o nome de Shakespeare). Aí, do convite de Bolanõs a amigos íntimos e atores de confiança para montar um elenco surgiu a estruturação de duas séries cômicas: Chapolin e Chaves. O SBT transmitia a dupla dinâmica, mas constantemente vem tratando o (melhor) super-heroí quixotesco como uma mera moeda de 25 centavos - só ajuda para facilitar "os trocos". Pois então... El Chavo durou mais de 10 anos ininterruptos na TV mexicana e ainda retornou mais duas vezes, anos mais tarde, sem as peças mais amadas dos telespectador: Quico (Carlos Villagrán) e Don Ramon Valdez (Seu Madruga). O "mocorongo almofadinha filho da velha coroca do 14" e o "barriga de solitária" chegaram a um patamar de popularidade tão alto que - PARECE - Chespirito (o protagonista Chaves) começou a se sentir desconfortável e discutir com os companheiros... Rolou um mal estar e blábláblá, e todos sabemos que isso acarretou a saída deles e a engrenagem inventiva de Roberto "lerdou"...

Frederico Corcuera Figelpango de Madarasteñano - O Quico (eu sou fã sim! \o/) - e Seu Madruga são fundamentais para este raciocínio: Essa dupla seria virtualmente oposta (um garoto abastado e um homem desempregado com dívidas até a têmpora), mas na Vila do Chaves convergem a um enredo toscamente engraçado e emocionante. Pelo seriado vemos que o México setentista não é muito diferente do Brasil atual, na parte estética e na parte ética. Qucio tenta fomentar a inveja de Chaves e Chiquinha (Maria A. de Las Nieves) com os brinquedos, refrescos, balões e até o Oceano Pacífico (hahaha!) que compra, graças a pensão do falecido "papi" à mamãe Florinda, e dá resultados... Até porque sem os "pobres", o bochechudo não seria feliz morando no cortiço. Ele é que vem com o papo de amizade quando julga necessário na maior parte do tempo! Já Seu Madruga, para mim, é o retrato da pessoa dividida entre os valores do socialismo utópico e o capitalismo. Por motivos idiotas, mas legíveis:

Ramon não paga o aluguel ao Seu Barriga (Edgar Vívar) há 14 eternos meses, e sua relação com o mercado de trabalho não carrega - contrariando o universo do capital - semântica individual:
"No mundo de hoje, eu prefiro dar oportunidade às pessoas jovens! E tomo esta nobre atitude desde quando tinha 15 anos!"
Na maioria dos episódios de Chaves, Madruga está fazendo um bico ou lendo jornal... Mesmo desempregado e não integrando oficialmente a População Economicamente Ativa mexicana, sempre, sua autonomia (o ator em cena e a do personagem também) permitia que arranjasse umas cédulas para ir às compras; comida, terno, plantas, galões de tinta... Tudo em detrimento do pagamento do bondoso Barriga - outro que, tendo ciência que depende de dinheiro, nunca moveu a agressividade para dispensar "Mr." Madruga. Tanto o Chaves quanto todo o elenco eram, sobretudo, seres muito mais humanos do que a maioria de nosso contemporâneos (gente que temos de aturar constantemente para sobreviver... Estou errado, leitor/a?), o sentido do verbo "compartilhar" na série é muito mais importante do que "concorrer", "vencer", "lucrar" e tudo o mais... Um menino de rua como El Chavo, dono de diversos motivos para praticar atos ruins, possui o dom de entreter e nos sintonizar em suas brincadeiras de criança ingênua... E, cá entre nós, eles dão uma aula de como ter infância a essa nova geração internet, composta, em grande parte, por crianças alienadas pela mídia e sedentárias.

(SIM, ALIENADAS! nem adianta discutir sobre isso... Odeio argumentar quando sei que estou certo, até o programa da Xuxa do passado supera em notação científica o do século XXI).






O fator "Razão" aplica-se perfeitamente ao desenhista argentino genial QUINO e a sua criação-mor: MAFALDA. A princípio,o jovem recém-casado cartunista devia criar uma história em quadrinhos escrachada para atender uma campanha social - na atmosfera ditatorial portenha na década de 60! Para os hermanos o CAOS foi mais cedo - e para simbolizar a divulgação de uma nova marca de eletrodomésticos (olha as cifras aqui...) chamada Mansfield. A garotinha que odeia sopa agradou demais às duas partes e também todos os jornais onde Quino pôde publicar as tiras durante mais de 20 anos. Até hoje, Mafalda e seus familiares, Manolito, Filipe e Suzanita são repercutidos devido ao seu sarcasmo exemplar, sua noção de planeta bipolarizado, sua consciência elegantemente questionadora e a repulsa da protagonista por sopa. Perante a uma sociedade marionetemente voltada para Economia de Mercado, as atitudes cotidianas da "gangue" de Mafalda, conversas e atividades físicas, sempre tem algo que cutuca/fura o(s) governo(s), a moda ou o comodismo da classe média. O tom de humor de 80% das tiras é moralmente intenso, pondo para dançar as duas correntes que disputavam a Terra segurando-a em seus elos mais frágeis. É aí que não dá para entender: Como Quino não foi reprimido por ninguém durante os períodos opressores aos estados latinos na Guerra Fria?





Que a Argentina é um páis muito mais civilizado que o nosso, nem dá para discutir... (se o leitor/a pensar: "mas somos melhores que estes estúpidos no futebol" tem alguma coisa muito errada em seu CERÉBRO) Eles lêem 800% mais do que nós*, reclamam pelos seus direitos mais do que nós, tem um IDH mais alto... E por aí vai, não passa por bons bocados com a - bonitinha - tia Christina Kirchner na presidência, mas em todo o caso, o povo portenho nunca ficou omisso perante as situações adversas, mais gente lá foi morta na época dos militares do que aqui. Nesse Brasilzão, as massas não são de muita briga por causas nobres desde o início da República, e com a aliança divisora de águas, em nível de comunicação, dos generais com as Organizações Gl... Com as novelas das oito. Sabemos no que esse pacto deu vendo gente pedindo esmolas nas ruas e outros fazendo de tudo para ter um ordinário carro do ano e/ou para somar 'super churrasco' + 'super pagode' nos santos Domingos...

Bom, este texto está terminando... Confita algumas tiradas de Quino para relaxar:































Se segunda feira é o dia internacional da preguiça, e a preguiça é a ignição para as inovações produtivas humanas, segunda devia ser o dia internacional da criatividade! El Chavo e La Mafalda(?) são heróis da mais admirável resistência às pressões ideológicas do hemisfério norte, pois tiveram uma concepção original e ensaiada com a realidade crua de seu povo. Continuamos exportadores agrícolas com muita pompa ("ah é, é?") Podemos ser ambiciosos, mas somos dependentes; podemos ser superficiais, mas permanecemos humanos. Como disseram alguns bandidos de terno em Brasília: "somos falhos, somos imperfeitos..." cheio de dinheiro no bolso, o ideal é nunca se corromper enquanto respirar. Não adianta usar cabeças de outras pessoas como degraus para conseguir alcançar a prosperidade e a fama , se os seus semelhantes não estivesem presentes na Terra para ver tal "domínio" pessoal.

(Viu só porque os EUA e a URSS, no período da Cortina de Ferro, nunca apertaram o botão da caveira? ;p)
*É fato que os argentinos leem anualmente, em média, 9 livros. E nós, discípulos de Lula, apenas um...


Para quem quer ler mais material da Mafalda, saca só - um download confiável (13 MB):

http://www.megaupload.com/?d=9LLEEDEI




"Buenas fiestas e muchas gracías, muchachos(as)!"

;P

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